Youtube, orkut, msn e word abertos no computador ao mesmo tempo. O telefone toca. Todos os afazeres anteriores se somam a uma conversa ao telefone. Começa seu programa favorito. Agora você assiste tv, fala ao telefone, pensa no seu próximo artigo, tecla no msn, checa seu orkut e procura vídeos interessantes no Youtube. Tudo ao mesmo tempo. No final, você não se lembra direito da conversa do telefone, do que falou no msn, os recados que leu no Orkut e o que estava procurando no Youtube. Parece impossível? É mais comum do que se imagina.
Mais recorrente em homens, mas mulheres não são excluídas. O nome é DDA, também conhecido como TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Antigamente acreditavam que era um transtorno que ocorria apenas até a adolescência, mas esta ideia já caiu. Muitos adultos apresentam TDAH. O nome “transtorno” pode assustar, mas as coisas não são tão assustadoras assim, e pasmem, tem ótimas consequências positivas. Se você se identificou com o que leu no primeiro parágrafo, pode ser portador deste transtorno. Ok, “portador” e “transtorno” são palavras assustadoras, mas calma.
Por que estou falando sobre tudo isso? Bem, no livro Mentes Inquietas, mais especificamente no capítulo 6, a Dra. Ana Beatriz B. Silva explica a questão da criatividade em quem tem DDA. Ela cita gênios como Henry Ford, Mozart, Einstein, Leonardo da Vinci, Van Gogh como DDAs inquestionáveis. Quem conhece um pouco de da Vinci não pode negar sua hiperatividade – terminou a vida com vários projetos inacabados, além de ser uma referência em vários setores. Segundo a autora, o DDA, devido à confusão mental resultante do intenso bombardeio de idéias, “é capaz de entender o mundo sob ângulos habitualmente não explorados”. Por exemplo, quando um DDA pensa em “azul”, ele logo imagina tudo que vem disso – lazer, calma, descanso, paz, natureza, romance, música tranquila, sol, calor etc. Esse pensamento derivativo intensifica o processo criativo. Por isso muitos publicitários, especialmente criativos de plantão, são potencialmente portadores deste transtorno. Mas não é uma regra. Nada é regra.
DDAs são extremamente emotivos, exagerados, apaixonados. Amam fortes emoções, coisas diferentes, novos estímulos. Alegrias e tristezas são sentidas com muita intensidade, sempre. Apesar de perder facilmente a atenção quando algo não lhe interessa, ele é hiperfocado em assuntos de seu interesse, o que aumenta sua produtividade em seu trabalho, se este lhe der prazer. São criativos, espertos e dedicados. As dificuldades e os defeitos que eles enfrentam podem ser amenizadas com atividades relaxantes e nos casos mais graves, medicamentos. Mas nada que assuste. Se você não tem nada a ver com este texto, desculpe. E se você se identificou, CALMA. Não exagere.
Pra finalizar, uma frase do gênio Fernando Pessoa: “O mundo de tão interessante que é, chega a doer, a ranger, a enjoar, a cortar, a roçar… talvez eu sinta demais…”
O Transtorno da hipercriatividade e seus sintomas publicado originalmente na CASA DO GALO - O animal da publicidade.