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Carros, disfunção erétil e a nova propaganda

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propaganda televisao1 thumb Carros, disfunção erétil e a nova propaganda

Enquanto escrevo esse texto estou assistindo o Bom Dia Brasil, telejornal de nível nacional da Rede Globo. De cara, é engraçado perceber que a linha de venda dos espaços publicitários é óbvia. Propagandas de carros caros e de institutos para disfunção erétil alertam: o público aqui é de homens de meia-idade, classe média-alta.

Porém esse tema, a obviedade de certos públicos-alvo, não é a pauta de hoje (vou guardar pra um artigo futuro). A reflexão que surgiu nessa manhã foi outra.

Qual a função da propaganda? Os pragmáticos diriam que é ampliar as vendas dos anunciantes. Os críticos diriam que é oferecer produtos desnecessários. Eu gostaria de ir além, discutindo uma função antiga, talvez a primeira delas.

Originalmente a propaganda pode ser confundida com o ato de vender. Afinal, qualquer um que tentou c onvencer outra pessoa, defendendo um ponto de vista diferente, já foi um vendedor. Logo, já fez propaganda.

Porém, antigamente era feio fazer propaganda. Afinal, se o produto era bom, deveria “chamar” o freguês, sem demais artifícios. A solução para estimular as vendas sem parecer desesperado foi desenvolver “reclames” informativos, que apenas passavam uma informação despretensiosa. Você podia ler no almanaque mais recente: “Já chegou o disco voador na Quitanda do José”. Ok, talvez não exatamente esse produto, mas você deve ter entendido a ideia.

A partir disso a propaganda evoluiu até o máximo do conceitual, em ações que mal declaram o nome do anunciante, mas que ainda assim fazem sucesso.

Como diria Nizan Guanaes, “seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito”. Assim evoluiu a propaganda, para os extremos. Hoje dois paradigmas contrários são os mais eficazes. De um lado a propaganda puramente conceitual, que mal cita a marca; de outro a propaganda informativa, direto das origens publicitárias.

Esse último caso é o das propagandas do Bom Dia Brasil. Ninguém vai assistir à propaganda da Tucson e levantar pra ir até uma concessionária. Ninguém vai anotar o número da clínica de desempenho sexual apenas por um impulso consumista (bem, pelo menos eu acho que não, mas tem tanta gente estranha por aí…).

Essas propagandas são informativas. Se você já queria comprar um carro, ou se já teve problemas em dar conta da patroa na noite anterior, ela apenas informa: “Oi, estamos aqui viu? Precisando de alguma coisa, é só falar”.

E talvez esse seja um dos últimos pilares de eficácia da propaganda televisiva, informar que determinado produto existe. Um contraste com propagandas que ainda vemos, onde não se chega em lugar algum.

Vamos pegar como exemplo a última peça da Coca-Cola Zero, onde um urso dá um showzinho cantando as vantagens do produto. Qual é o objetivo deles? Apresentar a Coca Zero? Vender uma imagem de marca? Parece-me apenas sobra de verba, e falta de criatividade/ousadia.

Talvez esteja aí o grande desafio da propaganda. Responder à grande questão da existência: Por que estamos aqui?

Construir uma imagem é uma resposta. Informar o consumidor é outra. Mas sem deixar claro nossas intenções (ainda que apenas para nós mesmos), vai ser impossível criar um novo patamar para a propaganda, em tempos de internet, marketing de guerrilha, e novas tecnologias.

Carros, disfunção erétil e a nova propaganda publicado originalmente na CASA DO GALO - O animal da publicidade.


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